Ponto de Âncora

Bom dia, fiz aniversário dia 21 de julho, beirando os 20 anos parece algo tenebroso, me sinto desconectado com meu tempo, minha vida... Momentos bruscos de mudanças, poucas pessoas lembraram fato esse que me incomoda, é como se não houvesse o valor que eu esperava, mas tá tudo bem não existe tempo pra esse tipo de picuinha na vida adulta... sequer quero chamar isso de vida adulta.

Existem muitas notícias boas para contar, passei na faculdade vou começar a ir atrás da matrícula, não nego o cansaço dos que dias se repetem e nem comentei poucos se lembraram da minha existência no meu aniversário, o mais incrível é que ela fez questão de participar e realmente me deixou muito feliz, porém é ambíguo me deixa louco... Não sei o real sentido... É absurdo. Mas bom naqueles poucos parabéns que recebi pelo menos senti verdade, pessoas que realmente me enxergavam, chegou um momento que pensei que nem mesmo minha mãe me daria os devidos parabéns mas ela deu oque me aliviou. Passei na Fatec, comecei terapia e voltei a falar com a Cali. Enquanto eu luto pra decifrar a lógica do mundo externo, o interno grita em criptografia. O escritório da psicologa até tem coisas do tema religioso como Deuses hindu e representações cristãs, faz eu refletir sobre minha espiritualidade que desconheço nem acredito na verdade.

Vou ao tema principal desse meu desabafo O TEMPO, ele existe, ele passa, ele corroe pensamentos, mas não adianta eu viver preso nisso. Os sentimentos ambíguos da Cali... Porra tudo pseudo inteligência da minha parte, queria falar de Zeitgeist ou o espirito do tempo mas nem sei direito qual é o conceito daquela merda. Mas é isso sentimentos ambíguos da Cali, esquecimento por parte de parentes, amigos e etc... Tudo isso tá me deixando maluco caralho. Os sentimentos se manifestam como eco, já escrevi muito sobre como "não tenho a garota dos meus sonhos", a "memória seletiva das pessoas que engraçadamente apenas ME esquecem" e como me sinto insignificante diante dos absurdos do universo. Sou como a materialização do esquecimento, a passagem inevitável do tempo que me leva dos 18 aos 19 aos 20 e assim por diante, quando perceber já terei 30 anos e estarei aqui mas fazer oque são fatos do mundo e lutar contra eles é como gritar contra a chuva, o sistema, a mente, a sociedade... Porém posso controlar certos aspectos como à vaga que conquistei na Fatec em Ciências de Dados, meu comprometimento com a terapia e o corpo com a academia e o basquete que preciso voltar a focar mais nisso. O meu corpo é como se fosse meu laborátorio pessoal onde tudo é possível se eu fizer os testes e aplicar os experimentos

Ela aparece e desaparece como um símbolo do próprio espírito da época — líquido, ambíguo, online, mas nunca completamente presente. As vezes desejado, as vezes descartado, talvez não esteja brincando comigo apenas esteja tentando amar em outra frequência tão ansiosa quanto. Mas sou feito de outra matéria, não só vibração, quero mais... Camus diria que o absurdo nasce do confronto entre o desejo humano por sentido e o silêncio indiferente do mundo. Foi isso que senti no meu aniversário e com ela. O desejo de ser lembrado confrontado pelo eco de um vazio impessoal. Será que mesmo depois de tanta coisa boa e tanta coisa ruim, eu ainda escolheria essa vida? Bom, eu estou vivo não estou? Estou saudável não estou? Oque eu tenho a reclamar? Eu sou autêntico não sou? Em um mundo em que querem que sejamos apenas simulacros da realidade, ser quem eu sou é um benção, um ato de resistência.

Digo que não tenho ansiedade, que esta tudo sobre meu controle, que sou destinado da sorte. Que o centro é agora, é a ação. Memento Mori "lembre-se da morte" nos faz um chamado à ação, não disperdiçar nosso presente ansioso sem construir o futuro que queremos, porque o tempo é finito e cada momento nos preocupando com o incontrolável é tempo roubado da ação. Todas minhas ações são tijolos construindo um edíficio muito maior.

Mesmo com tom de esperança me vejo novamente na melancolia de meus pensamentos, enfrentando o zeitgeist e a psique social de nosso tempo, onde nada é realmente verdadeiro onde o espirito do tempo parece ser fomentado em cima de ansiedade e incerteza, transformado em algo liquído e indecifrável, como me sinto com a Cali e os sinais dela que torna a solidão e o toque dela tão reconfortante e angustiante, me cerca em conexões fanstamas. Somos "animais sociais", como eu mesmo escrevi, famintos por um sinal claro em meio a tanto ruído.

Mas mesmo no escuro existem pontos de luz.

A fleeting memory

Cada aniversário é um espelho do zeitgeist.