O Eternauta é uma história em quadrinhos de ficção científica escrita por Héctor Germán Osterheld como arte de Francisco Solano López, fui publicada pela primeira vez na revista Hora Cero Semanal, entre 1957 e 1959. Considerada uma das mais emblemáticas obras da ficção científica latino-americana. A história vai muito além de uma invasão alienígena: trata-se de uma profunda reflexão filosófica sobre a condição humana, os desafios do cotidiano e as complexas relações sociais e políticas que moldam a existência. A história começa com a visita de um homem vindo do futuro à casa de um quadrinista (alter ego do próprio Oesterheld). Este homem narra a história dos eventos pelo qual passou. Este homem é Juan Salvo, homem comum que, após sobreviver a uma nevasca mortal que cobre Buenos Aires, acaba se tornando o "Eternauta" um viajante condenado a vagar pelo tempo e espaço, sempre à procura de sua família perdida. ![]() A partir dessa premissa, a obra aborda temas existencialistas como a solidão, a angústia diante da morte e a busca incessante por sentido em meio ao absurdo. Juan não é um herói clássico; ele é alguém como nós, lançado em uma situação-limite que o obriga a confrontar sua própria humanidade. A situação que Salvo passa geram questões filosóficas sobre identidade e memória. Quem somos quando perdemos tudo aquilos que nos ancora ao mundo? Aos poucos, ele deixa de ser apenas um indivíduo e passa a representar o sujeito moderno em crise: deslocado, fragmentado, preso a memória e o tempo. A obra também é uma critíca política para época, a invasão alienígena é uma poderosa metáfora e simboliza os mecanismos de repressão dos regimes autoritários, controle das mentes e dos corpos, a vigilância constante e o uso de cidadãos comuns como instrumentos do poder fazendo referência ao totalitarismo e alienação das massas descrita por pensadores marxistas. Oesterheld profundamente comprometido com causas sociais, foi sequestrado e morto pela ditadura militar argentina, conferindo à obra um tom trágico e profético. ![]() Entre elementos marcantes da narrativa encontramos a solidariedade. Em um mundo desmoronando, ninguém se salva sozinho. Essa é a mensagem central da obra, a importância da ação coletiva, da empatia e da resistência ganha um peso maior ainda quando comparada ao cotidiano de sociedades marcadas pela desigualdade, crise política e catástrofes. Por fim Oesterheld nos convida a refletir sobre o papel de cada um diante à injustiça: somos espectadores, cúmplices ou agentes de transformação? A obra ao mesmo tempo que te coloca num mundo pós apocaliptico ela nos faz questionar questões existenciais e nos obriga a olhar para o mundo que vivemos e no fim das contas a pergunta é: o que nos torna humanos diante do horror e da incerteza? |
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